Filho caçula de uma família humilde em São José do Rio Pardo (SP), Dom Orani Tempesta, hoje cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, cresceu ouvindo que seu destino seria grande. A previsão partiu de uma professora e religiosa local, Maria de Lourdes Benedita Nogueira Fontão, conhecida como Lourdinha, que o incentivou a seguir a vocação sacerdotal e chegou a afirmar, ainda na juventude do futuro cardeal, que ele seria bispo e, um dia, papa. Agora, com a morte de Francisco e a realização do conclave, a história volta a ganhar força.
Apesar da trajetória brilhante na Igreja, Dom Orani sempre manteve os pés no chão. Amigos e familiares garantem que ele jamais alimentou ambições de alcançar o trono de Pedro, mas nunca escondeu o orgulho de suas raízes e a gratidão à mulher que marcou sua vida e a de sua família. Foi Lourdinha quem tranquilizou seus pais idosos, prometendo cuidar deles para que Orani pudesse seguir o chamado de Deus.
O vínculo entre as famílias atravessou o tempo. Dom Orani celebrou o casamento da filha de Lourdinha, batizou seus netos e esteve sempre próximo nas alegrias e lutas da família Fontão. A cada o importante — a ordenação episcopal em 1997, o arcebispado em Belém e no Rio de Janeiro, e o cardinalato em 2014 — a “profecia” de Lourdinha era relembrada em São José do Rio Pardo com carinho e expectativa.
A própria trajetória de Lourdinha é marcada por um profundo espírito de serviço e fé, a ponto de seu processo de beatificação estar em andamento no Vaticano. Seu filho, o médico Paulo Celso Fontão, acredita que os ensinamentos da mãe influenciaram tanto sua missão pessoal quanto a de Dom Orani. “Ela nos ensinou a viver para os outros, a ver Deus nas periferias da vida”, afirma.
